Práticas reflexivas e Desenvolvimento Profissional

A busca por desenvolvimento profissional contínuo é parte integrante da rotina de todos os educadores. É preciso refletir sobre nossa prática, estabelecer objetivos e analisar como cada etapa escolhida irá contribuir para que os mesmos sejam alcançados. Para tanto, podemos utilizar o conceito de prática reflexiva que de acordo com Finlay (2008) pode ser definida como aprendizado através da experiência e que fornece novas percepções de nós mesmos e da nossa prática.

Em seu artigo ‘Reflecting on Reflective Practice’, Finaly (2008) descreve diferentes modelos de reflexão. Entre eles podemos citar o ciclo de aprendizagem de Kolb (1984), o Modelo de reflexão de Gibbs, e a proposição de Schon (1991) distinguindo reflexão em prática (reflection-in-action) e reflexão da prática (reflection-on-action). Tais modelos são importantes, pois atuam como guias para que possamos nos aprofundar na reflexão de nossa atuação profissional de forma sistematizada e que nos leve a um plano de ação concreto em busca de mudanças.

O processo de reflexão pode ser uma ação solitária ou feita de forma colaborativa. Tal conceito tem se disseminado rapidamente nos últimos anos, o que gerou preocupações principalmente quando ela é imposta aos profissionais. Para que tenha resultados positivos, a prática reflexiva tem que ser apresentada como uma possibilidade que engloba desenvolvimento de autoconsciência, reflexão sobre a prática e pensamento crítico para que possamos nos tornar lifelong learners (Finlay, 2008).

Como resultado do processo de reflexão, pode surgir a necessidade e/ou decisão de fazer um curso, participar de um congresso, workshop, ler um livro ou artigo, trocar boas práticas com colegas, etc. A escolha nem sempre é fácil e existem fatores importantes a serem considerados, principalmente quando falamos de cursos. Timperley (2008) aponta que formações com maior conexão com o contexto de atuação do professor auxiliam na transposição dos novos conhecimentos para a prática de sala de aula e, portanto, têm maiores impactos nos alunos. Isso ocorre, pois, professores engajados em ciclos eficazes de desenvolvimento profissional têm mais responsabilidade com o resultado de seus alunos, principalmente quando eles conseguem observar os impactos positivos de seu desenvolvimento profissional em sua prática.

O quanto você professor reflete sobre sua atuação profissional? E você gestor, o quanto você reflete sobre sua atuação e da sua equipe? A partir deste processo de reflexão quais ações são colocadas em prática? As necessidades surgidas são abordadas nas formações?

O investimento em desenvolvimento profissional é de extrema valia e, lideranças escolares precisam estar dispostas a investir no desenvolvimento profissional de suas equipes. Entretanto, nós enquanto indivíduos também devemos ser donos deste processo e estar em constante busca por desenvolvimento. É importante fazermos escolhas informadas e entender que elas terão impactos a curto, médio e longo prazo em todo o ecossistema escolar e em nossa carreira.

Referências:

https://www.cambridge-community.org.uk/professional-development/gswrp/index.html

Finlay, L. (2008). Reflecting on ‘Reflecitve Practice’. PBPL. Paper 52.

Timperley, H. (2008). Teacher Professional Learning and development. Educational Practice Series-18. International Academy of Education.

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